Prevenção do Suicídio

O suicídio pode ser definido como um ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, mesmo que ambivalente, usando um meio que ele acredita ser letal. É um comportamento com determinantes multifatoriais e resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais.

Dessa forma, deve ser considerado como o desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do indivíduo, não podendo ser considerado de forma causal e simplista apenas a determinados acontecimentos pontuais da vida do sujeito. É a consequência final de um processo.

Os caso de suicídios e tentativa de suicídios ocorrem em todas as regiões do mundo, em diferentes idades, diferentes religiões e classes sociais. Notavelmente, entre pessoas jovens de 15-29 anos de idade, o suicídio é a segunda principal causa de morte a nível mundial.

Em 2012, de acordo com o relatório da Organização Mundial de Saúde-OMS – Prevenção do Suicídio: um imperativo Global (2014), foram registrados 804 mil mortes, no mundo, por suicídio, representando uma taxa anual mundial de suicídio, padronizada por idade, de 11,4 por 100.000 habitantes (15,0 para homens e 8,0 para mulheres).

Devido ao preconceito e ao estigma que o suicídio carrega, sabe-se que os dados estatísticos são subnotificados, o que mascara uma realidade preocupante, pois estima-se que cerca de um milhão de pessoas morre anualmente, por suicídio, o que levou a OMS a considerar o suicídio como uma epidemia silenciosa.

As taxas de suicídio vêm aumentando globalmente. Estima-se que até 2020 poderá ocorrer um incremento de 50% na incidência anual de mortes por suicídio em todo o mundo, sendo que o número de vidas perdidas desta forma, a cada ano, ultrapassa o número de mortes decorrentes de homicídio e guerra combinados. Além disso, cada suicídio tem um sério impacto na vida de pelo menos outras seis pessoas diretamente e de aproximadamente 60 pessoas indiretamente.

Várias podem ser as causas que levam as pessoas a cometer suicídio, e, geralmente, pode ocorrer uma associação de fatores. De acordo com o citado relatório, o comportamento suicida é um fenômeno complexo causado por vários fatores inter-relacionados: pessoais, sociais, psicológicos, culturais, biológicos e ambientais.

Não há uma única explicação por que as pessoas cometem suicídio, vários fatores podem contribuir para levar uma pessoa ao comportamento suicida. Algumas vezes suicídios são cometidos por impulso e, em tais circunstâncias, o fácil acesso aos meios tais como os pesticidas ou armas fogo pode fazer a diferença entre a vida ou a morte uma pessoa. Muitas vezes, o suicídio pode ser evitado, porém devido ao estigma e ao tabu em relação ao tema o suicídio, muitos sentem que não podem ou não devem pedir ajuda.

Os estudos de suicidologia indicam que 90% dos casos de suicídios podem ser evitados, ou seja, a cada 10 casos, nove vidas podem ser salvas.

Embora os dados científicos indiquem que muitas mortes por suicídio são evitáveis, frequentemente, o suicídio tem baixa prioridade para governos, em suas políticas públicas.

Não deixe que o medo de perder a amizade da pessoa impeça você de tomar uma atitude. Não guarde segredo sobre um plano de suicídio!
NEM SEMPRE É POSSÍVEL EVITAR UM SUICÍDIO; PORQUE AS PESSOAS TEM LIVRE ARBÍTRIO. EXISTE UMA SUBJETIVIDADE PRIVATIZADA DO PRÓPRIO SER. MAS , É IMPORTANTE FICAR ATENTO PARA PERCEBER QUANDO ALGUÉM PRÓXIMO ESTÁ COM INDICADORES DE COMPORTAMENTO SUICIDA, PARA ALERTAR OS FAMILIARES E AMIGOS OU MESMO TOMAR UMA ATITUDE. É DIFÍCIL ENTENDER O QUE LEVA UMA PESSOA A COMETER O SUICÍDIO. O QUE SE TEM APÓS O SUICÍDIO SÃO RELATOS, INDÍCIOS, IMPRESSÕES E INTERPRETAÇÕES DA FAMÍLIA, AMIGOS E COLEGAS, OU SEJA, O CONJUNTO DE EMOÇÕES VIVENCIADAS PELO SUICIDA, QUE PODERIAM SER INDICADORES.
Geralmente, as pessoas mostram previamente alguns comportamentos suicidas, sendo os relatados mais comumente, por familiares e amigos
SENTIMENTO DE DESESPERANÇA OU AUMENTO DE ANSIEDADE COM DEPRESSÃO;

PREOCUPAÇÃO COM RELAÇÃO A MORTE;

CONVERSAS SOBRE MÉTODOS DE SUICÍDIO OU COMO PRATICAR AUTOEXTERMÍNIO;

PERDA DE INTERESSE POR ATIVIDADES AGRADÁVEIS QUE ANTES TINHA PRAZER;

ISOLAMENTO SOCIAL;

DESCUIDO COM A APARÊNCIA E A HIGIENE PESSOAL;

DOAÇÕES DE PERTENCES OU DESAPEGAR DE COISAS PESSOAIS;

REPENTINO ESTADO DE FELICIDADE E DEPOIS UM LONGO PERÍODO DE TRISTEZA OU DEPRESSÃO;

COMENTAR QUE A MORTE ACABARIA COM OS SEUS PROBLEMAS;

FAZER POSTAGENS RELATIVAS A FALTA DE VONTADE DE VIVER;

COMPRAR ARMAS OU OUTROS PRODUTOS QUE POSSIBILITE EXTERMINAR A PRÓPRIA VIDA.
Algumas condições associadas a um maior risco de suicídio
HISTÓRIA DE DEPRESSÃO OU TRANSTORNOS PSÍQUICOS

TENTATIVA PRÉVIA DE SUICÍDIO

ABUSO DE DROGAS E ÁLCOOL

PERDA DE EMPREGO, DE BENS OU DE FORTUNA

SEPARAÇÃO, FIM DE RELACIONAMENTO

PROBLEMAS DE SAÚDE, DOENÇAS INCURÁVEIS

PERDA DE ENTE QUERIDO

EXPOSIÇÃO A SITUAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO E HUMILHAÇÃO

IMPULSIVIDADE

CASO ANTERIOR DE SUICÍDIO NA FAMÍLIA OU AMIGO PRÓXIMO

O que pode ser feito para ajudar?
PERGUNTAR A PESSOA O QUE A PREOCUPA E DEIXÁ-LA FALAR;

MOSTRAR INTERESSE PELA SITUAÇÃO DA PESSOA E TRATÁ-LA COM CARINHO E COMPREENSÃO;

SE A PESSOA TEM HISTÓRICO DE DEPRESSÃO , PERGUNTAR SE JÁ PENSOU EM SE SUICIDAR;

SE OBSERVA INDÍCIOS DE QUE A PESSOA CONSIDERA REALMENTE A POSSIBILIDADE DE SUICÍDIO, LEVAR A SÉRIO, INCLUSIVE QUANDO PARECER SER APENAS UMA FORMA DE CHAMAR A ATENÇÃO DAS PESSOAS PARA O SEU PROBLEMA;

MANIFESTAR PREOCUPAÇÃO PELO BEM ESTAR E LEMBRAR A PESSOA DE QUE OS SENTIMENTOS DE DEPRESSÃO SÃO PASSAGEIROS E TEM TRATAMENTO;

INSISTIR PARA QUE A PESSOA PROCURE UM PROFISSIONAL ESPECIALIZADO, E SE FOR O CASO, ACOMPANHÁ-LA;

SE A PESSOAS TEM UM PLANO DE SUICÍDIO, O PERIGO É ALTO. AS MEDIDAS DEVEM SER URGENTES. LEVE A PESSOAS PARA UMA EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA MAIS PRÓXIMO. BUSQUE AJUDA PROFISSIONAL.

Esclarecendo alguns MITOS sobre o comportamento suicida.

Preconceitos com o suicídio vêm sendo historicamente passados de geração em geração, contribuindo para a formação de um estigma, em torno do comportamento suicida e das famílias sobreviventes do suicídio.

O estigma resulta de um processo em que pessoas são levadas a se sentirem envergonhadas, excluídas e discriminadas diante da sociedade.

Falar, divulgar, esclarecer é importante para desconstruir mitos e minimizar ou mesmo acabar com o estigma em torno do comportamento suicida.

Saiba o que é falso e o que é verdade:

MITO

VERDADE

  • O suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre arbítrio.

  • Geralmente, os suicidas estão passando por um transtorno psíquico ou uma doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção da realidade e interfere em seu livre arbítrio. O tratamento eficaz da doença é muito importante na prevenção do suicídio. Após o tratamento da doença mental, o desejo de se matar desaparece.

  • Quando uma pessoa pensa em se suicidar, terá risco de suicídio para o resto da vida.

  • O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco.

  • As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção.

  • A maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. Boa parte dos suicidas expressou, de alguma forma, em dias ou semanas anteriores, seu desejo de se matar.

  • Se uma pessoa que se sentia deprimida e pensava em suicidar-se, em um momento seguinte passa a se sentir melhor, normalmente significa que o problema já passou.

  • Se alguém que pensava em suicidar-se e, de repente, parece tranquilo, aliviado, não significa que o problema já passou. Uma pessoa que decidiu suicidar-se pode sentir-se “melhor” ou sentir-se “aliviada” simplesmente por ter tomado a decisão de se matar.

  • Quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive à uma tentativa de suicídio, está fora de perigo.

  • Um dos períodos mais perigosos é quando se está melhorando da crise que motivou a tentativa, ou quando a pessoa ainda está no hospital, na sequência de uma tentativa. A semana que se segue à alta do hospital é um período durante o qual a pessoa está particularmente fragilizada. Como um preditor do comportamento futuro é o comportamento passado, a pessoa suicida muitas vezes continua em alto risco.

  • Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco.

  • Falar sobre suicídio não aumenta o risco. Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.

  • É proibido que a mídia aborde o tema suicídio.

  • A mídia tem obrigação social de tratar desse importante assunto de saúde pública e abordar esse tema de forma adequada. Isto não aumenta o risco de uma pessoa se matar; ao contrário, é fundamental dar informações à população sobre o problema, onde buscar ajuda etc.